Muito bom este tema, só alterei os espaços para não ficar tão grande:
COMPLEXO DE ÉDIPO
INTRODUÇÃO
O presente trabalho
tem por objetivo comunicar algumas considerações sobre o Complexo de Édipo. Sigmund Freud instituiu o Complexo
de Édipo como uma fase da infância em que existe uma triangulação na
constituição familiar que poderá definir a estrutura psíquica do indivíduo.
Este trabalho visa entender este Complexo a partir de sua teoria. O trabalho
torna-se essencial para a construção do entendimento em psicanálise, bem como
esclarecer ou desmistificar esse processo.
1.
Freud e a
Mitologia
Freud teve como base a
mitologia grega do Édipo Rei, nesse cenário, Édipo sem saber que Jocasta era
sua mãe se casa com ela e assassina o próprio pai, inconsciente do grau de
parentesco familiar. Quando Édipo descobre a verdade, cega a si mesmo e sua mãe
se suicida.
De acordo com Freud todo ser humano deve sua origem
a um pai e uma mãe, não tendo como escapar desta triangulação que constitui o
centro do conflito humano e percorre toda a vida, este acontecimento definirá a
estrutura psíquica do individuo. Esse conceito é universal na psicanalise, pois
desperta sentimentos de amor e ódio direcionados aos pais.
O complexo de Édipo ocorre quando a criança está
atravessando a fase fálica. Freud explica que este complexo geralmente termina
quando a criança se identifica com o parente do mesmo sexo e reprimi seus
instintos sexuais, se esse relacionamento com os pais fosse amável e não
traumático, e se a atitude dos pais não fosse excessivamente proibitiva nem
excessivamente estimulante, o período seria ultrapassado harmoniosamente. Caso aconteçam
traumas, no entanto, ocorre uma neurose infantil que é um importante precursor
de reações similares na vida adulta.
Freud considerou a reação contra o complexo de Édipo
a mais importante conquista social da mente humana. Psicanalistas posteriores
consideram a descrição de Freud imprecisa, apesar de conter algumas verdades
parciais.
Primeiro ocorre à fase oral, quando a criança
focaliza seu desejo e prazer no seio materno e na ingestão dos alimentos.
Depois ocorre a fase anal, quando o desejo e o prazer são focalizados nas fezes
e secreções. Por ultimo, ocorre a fase fálica quando o desejo e o prazer são
focalizados nos órgãos genitais.
2. Fase fálica
O estágio fálico do ser humano está presente quando
o pênis passa a ser a representação simbólica de virilidade para os meninos
para as meninas, uma vez que estas acreditam que o dito órgão está incrustado
nelas, especialmente no clitóris, e que crescerá um dia como o dos meninos.
Nesta fase, entre os 3 e os 6 anos, aparece o
complexo de Édipo, onde o menino deseja sua mãe, querendo eliminar seu pai, o
rival, ainda que o veja como o pai, uma figura de autoridade, o que faz surgir
uma nítida ambiguidade: o desejo de mata-lo e o desejo de ser como ele.
Para a menina, a mãe é
a indesejável, visto que ela quer fazer às vezes dela, ser a namorada do pai, e
quando percebe que seu pênis não cresce nutre o desejo de dar-lhe um filho
substitutivo daquela representação.
É também nesta faixa
etária que a criança passa a ser alvo de várias proibições que para ela eram
desconhecidas, ela passa a deixar de fazer o que bem entende, a família e a
sociedade começam a ensinar regras, limites e padrões.
Nenhuma criança
escapa do complexo de Édipo, se isso se resolver com naturalidade, atingirá a
fase da genitalização. A resolução deste complexo, sendo positiva ou negativa,
é que marcará o individuo vida afora e definirá seu comportamento na vida
adulta, principalmente na esfera sexual. Sendo assim, o Complexo de Édipo é um
dos conceitos mais famosos na teoria freudiana, ao passo que o fundador da
psicanálise passou anos a fio elaborando e repensando até chegar ao conceito
final. Inicialmente, o Complexo de Édipo se referia a uma escolha objetal, mas,
lentamente, torna-se um processo central para o desenvolvimento do conceito de
identificação.
3.
Entendendo o complexo de Édipo
Inicialmente, o termo
nem sequer aparecia na primeira elaboração da teoria da sexualidade infantil,
embora Freud, em uma carta a Fliess, desde 1897, relate “ter
descoberto em si mesmo impulsos carinhosos quanto à mãe e hostis em relação ao
pai, estes complicados pelo afeto que lhe dedicava” (MEZAN, 2003, p.189).
O termo Édipo surge
desde o inicio de seus estudos mas só ganha uma elaboração definitiva depois do
fim da obra. Freud introduziu o conceito no seu livro Interpretação de Sonhos (1899).
No menino o complexo
de Édipo se desenvolve através de um investimento objetal para com a mãe,
dirigido, primeiramente, para o seio materno, modelo anaclítico de espelho
objetal. A sua relação com o pai é de identificação. Esses dois relacionamentos
não têm longa duração, pois logo os desejos incestuosos do menino pela mãe se
tornam mais intensos, e o pai passa a ser visto como um obstáculo a eles; disso
se origina o complexo de Édipo. Logo, a identificação com o pai carrega-se de
hostilidade, e o desejo de livrar-se dele predomina, bem como a ideia de ocupar
seu lugar junto à mãe. A ambivalência inerente à identificação, desde o início,
se manifesta dominando a relação com o pai. Portanto, o complexo de Édipo
positivo do menino se caracteriza por uma atitude ambivalente em relação ao pai
e por uma relação objetal afetuosa com a mãe (CARVALHO FILHO, 2010).
Segundo Freud (1900,
p.261), durante a infância, “apaixonar-se por um dos pais e odiar o outro
figuram entre os componentes essenciais do acervo de impulsos psíquicos que se
formam nessa época”.....”Se a satisfação do amos no campo do complexo de Édipo
deve custar à criança o pênis, esta fadado surgir um conflito entre seu
interesse narcísico nesta parte de seu corpo e a catexia libidinal de seus objetos
parentais. Nesse conflito, triunfa normalmente a primeira dessas formas: o ego
da criança volta as costas ao complexo de Édipo”.
Portanto, o fim do
complexo de Édipo é correlativo da instauração da lei. É pelo medo da castração
que o menino começa a desistir de sua paixão incestuosa, iniciando o processo
pelo qual acabará por identificar-se com a Lei do Pai, assim para Freud a lei
repousa na interdição do incesto. “Os investimentos objetais são abandonados e
substituídos por uma identificação. A autoridade do pai introjetada no ego
forma o núcleo do superego, que assume a severidade do pai e perpetua a
proibição deste contra o incesto, defendendo o ego do retorno da libido”
(FREUD, 1977, p.221).
Ao mesmo tempo em que
estas fantasias claramente incestuosas são superadas e repudiadas, completa-se
uma das conquistas mais significativas, mas também mais dolorosas, do período púbere:
a emancipação da autoridade dos pais, único processo que permite o surgimento
da oposição entre a velha e a nova geração, tão fundamental para o progresso da
civilização. (Freud apud Mezan, 2003, p.136)
4. Resolução do Complexo de Édipo
Para entendermos o
que acontece no Complexo de Édipo é preciso voltarmos um pouco na “historia” do
sujeitos, no que poderíamos chamar de “primórdios” da relação com o objeto. O
primeiro objeto erótico de uma criança é o seio da mãe que alimenta. A origem
do amor está ligada à necessidade satisfeita de nutrição. Este primeiro objeto
– o seio – é ampliado à figurada da mãe da criança, que não apenas a alimenta,
mas também cuida dela e, assim, desperta-lhe um certo número de outras
sensações físicas, agradáveis e desagradáveis. Através dos cuidados com o corpo
da criança, a mãe torna-se seu primeiro “sedutor”. “Nessas duas relações reside
a raiz da importância única, sem paralelo, de uma mãe, estabelecida
inalteravelmente para toda a vida como o primeiro e mais forte objeto amoroso e
como protótipo de todas as relações amorosas posteriores – para ambos os sexos”
(FREUD, 1940/1996, p.202).
Na fase fálica, que
ocorre ao mesmo passo do complexo de Édipo, o órgão genital (o pênis) já
assumiu o papel principal. O menino revela seu interesse por seus órgãos
genitais com o comportamento de manipulação do mesmo. Logo, descobre que os
adultos reprovam tal comportamento à medida que inferem a ele uma punição – a
castração. Essa ameaça provém de mulheres, que buscam reforçar sua autoridade
por uma resistência ao pai, afirma o seguinte autor (FREUD, 1924/1996).
O fim do complexo de Édipo é ocasionado pela
ameaça da castração. Nesse caso, a catexia (processo pelo qual a energia
libidinal disponível na psique é vinculada a ou investida na representação
mental de uma pessoa, idéia ou coisa) objetal da mãe deve ser abandonada. O
seu lugar pode ser preenchido por uma das duas coisas: Uma identificação com a
mãe ou uma intensificação de sua identificação com o pai, como resultado mais
normal e que consolidaria a masculinidade, no caso do menino. Na menina, ela
aceita a castração como um fato consumado, já o menino, teme sua ocorrência.
Acontece na infância e é revivido na
adolescência e seus resultados estão presentes na vida de qualquer adulto. De
acordo com a lenda do Édipo Rei, para Freud (1917), ouvi-la é um certo horror
para todos os sujeitos, uma que vez que esta “evoca” o que estava adormecido –
os desejos incestuosos.
5. Complexo de Édipo - Conceito em Psicanálise
O Complexo de Édipo é
fundamental para a Psicanálise, entendido por esta como sendo universal e,
portanto, comum a todos os seres humanos. Caracteriza-se por sentimentos contraditórios
de amor e hostilidade, ou seja, amor a mãe e ódio ao pai (não que o pai seja
exclusivo, pode ser qualquer outra pessoa que desvie a atenção que a mãe tem
com o filho), o mundo infantil resume-se a estas figuras ou aos que a
representam.
Como o ser humano não
pode ser concebido sem mãe e pai, mesmo que não venha a conhecê-los, a relação
nesta tríade é a essência do conflito humano.
A idéia central do
conceito de Complexo de Édipo, inicia-se na ilusão de que o bebe tem que ter
proteção e amor total, por causa da condição frágil e dependente de um recém-nascido,
proteção essa relacionada à figura materna. Em torno dos 3 anos, a criança
começa a ter contato com determinadas situações em que vai sofrer interdições,
vai ouvir o “não pode”, são as proibições e limites que começam a acontecer
nesta idade. A criança, por estar maior, não pode mais fazer determinadas coisas
como: brincar pelado em piscina ou praia, não pode dormir na cama dos pais,
começa a ser ensinado a sentar de forma correta, começa o processo de retirada
da fralda, além de outros ensinos e cobranças, é o exato momento em que ela
percebe que não é o centro do mundo.
A criança começa a
perceber que os pais pertencem a uma realidade cultural e que não podem se
dedicar somente a ela porque possuem outros compromissos. O pai representa a
inserção na cultura, é a ordem cultura e que ele pertence a mãe e por isso
dirige sentimentos hostis a ele, inclusive, é um sentimento contraditório pois
entende que ama o pai. A diferenciação acontece pela identificação da criança
com um dos pais.
Na identificação
positiva, o menino identifica o pai e a menina a mãe. O menino quer ser forte
como o pai mas o hostiliza pelo ciúme que sente da mãe. A menina hostiliza a mãe
porque ela possui o pai mas quer se parecer com ela para competir e ao mesmo
tempo, tem medo de perder o amor da mãe, que sempre foi tão acolhedora.
Na identificação
negativa, o medo de perder aquele a quem hostiliza faz com que a identificação
aconteça com a figura do sexo oposto, o que pode gerar comportamento
homossexuais, isto é, a filha se identifica com o pai e o menino com a mãe.
Com o aparecimento
deste complexo a criança sai do reinado dos impulsos e dos instintos e passa
para um plano bem mais racional. A pessoa que não consegue fazer a passagem da
ilusão de super proteção para a cultura normal se psicotiza.
CONCLUSÃO
O Complexo de Édipo é
fundamental tendo em vista que caracteriza a diferenciação da pessoa em relação
aos pais e possibilita a criança perceber que seus pais pertencem a uma
dimensão cultural e social onde não podem dedicar-se somente a ela.
Dependendo da passagem
deste período de vida e sua dissolução a pessoa manifestará, muitos conflitos
durante a fase adulta, ou seja, o Complexo de Édipo influencia diretamente na
construção da estrutura psíquica de um individuo, seja ele homem ou mulher.
BIBLIOGRAFIA
FREUD, Sigmund. -
Publicações pré-psicanalíticas e esboços inéditos. Rio de Janeiro,
Imago, 1977. p.221. Edição Standard da Obras Psicológicas Completas de Sigmund
Freud, Rio de Janeiro: Imago, 1996.
FREUD, Sigmund.
O desenvolvimento da libido e as organizações sexuais (1916), v.XVI, p.
325-342. Edição Standard da Obras Psicológicas Completas de Sigmund
Freud, Rio de Janeiro: Imago, 1996.
FREUD, Sigmund. A
dissolução do Complexo de Édipo (1924), v. XIX, p. 189-199. Edição Standard da
Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud, Rio de Janeiro: Imago, 1996.