Trabalho sobre Luto e Melancolia, nota entregue, me ajudou muito, aprendi muito, linguagem simples, tudo direitinho então bora publicar:
O presente trabalho tem por objetivo comunicar algumas considerações sobre
o Luto e a Melancolia. Freud teve como
base a mitologia grega do Édipo Rei, nesse cenário, Édipo sem saber que Jocasta
era sua mãe se casa com ela e assassina o próprio pai, inconsciente do grau de
parentesco familiar. Quando Édipo descobre a verdade, cega a si mesmo e sua mãe
se suicida.
Freud busca nesse
texto fazer considerações a respeito da natureza da melancolia comparando-a com
o afeto normal do luto e limitando-se a discutir apenas suas manifestações de
origem psicogênica, a correlação colocada por Freud entre luto e melancolia
justifica-se pela semelhança no quadro geral dessas duas manifestações.
O luto caracteriza-se
pela reação normal relativa à perda de um ente querido.
A melancolia, hoje
nomeada como depressão, é um diagnóstico de grande incidência na população
mundial. Tenta-se a seguir fazer breve apanhado desse escrito de Freud
relacionando-o com outros estudos na área.
1
- Luto
É notório que a
consciência da finitude é um fato perturbador para o ser humano, mas é parte de
sua condição humana, ou seja, não tem como fugir. A perda de um ente querido
gera dor profunda porque dói na alma do ser. No luto, a perda de
um ente querido faz com que sintamos um “vazio” temporário em nossos afetos. Ao
longo do tempo, recuperamos a capacidade de redirecionar nossos afetos já no
estado melancólico, a experiência da perda tem a mesma dimensão, mas não se sabe
o que se “perdeu” e nem o porquê, ou seja, o processo de perda é inconsciente.
Freud mostra os efeitos da perda de um objeto sobre
o Ego. Não ficamos de luto somente quando morre alguém importante para nós, ficamos
de luto quando perdemos ou nos separamos de algo que nos é significativo, (pessoas, animais, objetos, situações,
sonhos, emprego, etc.) que nos são caros, de alto valor sentimental. Freud
diferencia o luto da melancolia ressaltando o aspecto natural e compreensivo do
primeiro e a inconformidade do segundo onde o sujeito sofre a perda, mas não
sabe exatamente o motivo (o objeto talvez
não tenha morrido, mas tenha sido perdido enquanto objeto de amor). Além
dos sintomas presentes no luto que são traços de desanimo profundo; perda de
interesse pelo mundo externo; perda da capacidade de amar e inibição de
atividades.
Se no luto o mundo torna-se vazio e insignificante,
na melancolia o próprio Eu torna-se insignificante. Quando esta insignificância
atinge o doente com um poder de autocrítica que o faz descrever a si mesmo como
“mesquinho, egoísta, pouco sincero, sem
autonomia, que sempre se empenhou em esconder as fraquezas de seu ser, ele
pode, ao que sabemos estar bastante próximo do autoconhecimento
[...]”.(Freud, p. 106).
Para Freud o desinteresse pelo mundo externo em
ambos os casos é causado pelo fato de que o indivíduo não invoca mais o objeto
perdido, pela perda da capacidade de adotar um novo objeto de amor para
substituir o que foi perdido e pelo afastamento de atividades que não estejam
ligadas a pensamentos sobre esse objeto.
O luto não implica
condição patológica desde que seja superado após certo período de tempo. A
característica de maior peso na diferenciação dos dois estados é a presença de baixa auto-estima e
auto-recriminação sentimentos muito comuns na Melancolia e inexistentes no luto normal.
No luto
profundo existe a perda de interesse pelo mundo externo a não ser que se trate
de circunstâncias ligadas ao objeto perdido. Existe a dificuldade de adotar um
novo objeto de amor. A inexistência do objeto exige grande esforço para
redirecionamento da libido. A oposição a esse redirecionamento da libido pode
acontecer de maneira tão intensa que dá lugar a um desvio de realidade (psicose alucinatória), entretanto, essa
manifestação não ocorre no luto normal.
Com relação
ao luto normal é importante salientar que a perda do ente querido não constitui
presença de auto-recriminação, mas, em pessoas nas quais existe pré-disposição
para neurose obsessiva pode haver a culpa pela perda. O sujeito pode ter a
sensação que pode ter ajudado no processo de perda, pode vir a achar que a
desejou.
A superação
do luto é realizada pouco a pouco e com grande gasto de energia. O desligamento
do objeto perdido se dá através da evocação e hipercatexização de cada
lembrança relativa ao objeto. Quando o trabalho de luto se conclui o ego fica bem
outra vez.
Em meados da década
de 1960, a psiquiatra Kübler-Ross, estuda a partir de sua experiência
profissional com pacientes terminais as fases pelas quais passaria o luto. A
obra Sobre a morte e o morrer, publicada em 1969, analisa os
estágios pelos quais passam as pessoas no processo de terminalidade: negação e
isolamento, raiva, barganha, depressão e aceitação (COMBINATO e QUEIROZ, 2006)
As reações de luto,
que se estabelecem em resposta à perda de pessoas queridas, caracterizam-se
pelo sentimento de profunda tristeza, exacerbação da atividade simpática e
inquietude. As reações de luto normal podem estender-se até por um ou dois
anos, devendo ser diferenciadas dos quadros depressivos propriamente ditos. No
luto normal a pessoa usualmente preserva certos interesses e reage
positivamente ao ambiente, quando devidamente estimulada. Não se observa, no
luto, a inibição psicomotora característica dos estados melancólicos. Os
sentimentos de culpa, no luto, limitam-se a não ter feito todo o possível para
auxiliar a pessoa que morreu; outras idéias de culpa estão geralmente ausentes
(DEL PORTO, 1999)
2 – Melancolia
A melancolia também pode
vir a ser reação de perda do objeto amado, objeto este que não precisa ter
necessariamente morrido e sim ter sido perdido enquanto objeto de amor. Em
alguns casos pode-se constatar a perda, entretanto, não se sabe exatamente o
que se perdeu (sabe-se, por exemplo, quem
se perdeu, mas não se sabe o que se perdeu nessa pessoa). No melancólico
não se pode ver exatamente qual o conteúdo da perda.
Na melancolia os sintomas
são os mesmo do luto, porém acrescido da perturbação na auto-estima e de um
empobrecimento do Ego, que no luto se encontra ausente. Ainda, na melancolia, a
perda do objeto se mostra mais grave e muito mais ameaçadora para o Eu. Assim,
a diferença entre ambas é marcada pelo fato de que, no caso da melancolia, a
dependência do homem em relação ao objeto perdido se dá de forma
incompreensível tornando-se patológica. Embora o luto também seja muitas vezes
incompreendido pelo enlutado, se constitui condição normal não necessitando de
tratamento psicológico na medida em que é superado ou elaborado num período de
tempo determinado, enquanto na melancolia o tratamento se faz necessário. Por
ser o luto circunstância superável, ao longo do tempo, Freud julgava ser inútil
ou até mesmo prejudicial qualquer interferência em relação a ele.
A melancolia tem natureza
patológica e fraciona-se em diversas formas clínicas, inclusive no que se
refere à mania, que seria seu polo oposto, de onde a bipolaridade, isto é, a
oscilação entre a depressão e a euforia. Em resumo, enquanto, no luto a perda é
consciente; na melancolia, a perda se processa no inconsciente.
Portanto, o luto profundo
e a melancolia têm em comum a dor, entretanto, deveríamos ressaltar que, se
para o enlutado a dor passa, ao contrário do luto, na melancolia a dor torna-se
crônica.
É comum, também, na
melancolia o aparecimento de sintomas físicos pela identificação com o
sofrimento do objeto perdido. Por esse mesmo motivo e pelo sentimento de
ambivalência entre amor e ódio do objeto perdido o melancólico pode ser levado
ao suicídio. Daí a importância do tratamento psicológico e medicamentoso
Diferentemente do
processo de luto, apresenta o ego como desprovido de valor, incapaz de qualquer
realização. A baixa auto-estima pode estar associada à insônia e a recusa em se
alimentar. A gênese da melancolia, segundo Freud, estaria numa ligação objetal
que mostrou ser uma catexia de pouco poder de resistência sendo logo liquidada.
A libido nesse caso, sem
ter direcionamento, desloca-se para o ego estabelecendo uma espécie de
identificação deste com o ente perdido. A perda objetal passa a ser uma perda
do próprio ego.
Nos casos de catexia de
pouca resistência constata-se que a escolha amorosa é feita sob uma base
narcísica, dessa forma, a libido ao deparar-se com obstáculos pode retroceder
ao narcisismo. Conclui-se, portanto, que mesmo em conflito com a pessoa amada
não é preciso renunciar à relação amorosa.
O amor pelo objeto não
pode ser renunciado, mesmo que o próprio objeto o seja. Sendo assim, o afeto
volta-se contra o ego como substitutivo fazendo-o sofrer e tirando satisfação
sádica de seu sofrimento. Esse aspecto solucionaria o enigma do suicídio. Isso
só ocorreria, no entanto, quando o ego trata a si mesmo como objeto de forma a
encaminhar-lhe toda a hostilidade originalmente pertencente ao mundo exterior.
A melancolia tem uma
tendência a se transformar em mania. O conteúdo relatado pelos pacientes com
mania na prática clínica, segundo FREUD (1917), em nada difere do conteúdo da
melancolia, como se ambos lutassem contra o mesmo complexo. Na melancolia o ego
sucumbiria ao mesmo e na mania já o teria superado resultando disso um estado
de alegria por alívio, de economia de energia. Nesse último caso a libido fora
liberada para novas catexias objetais.
Nos critérios atuais
colocados pelo DSM-IV conta ainda com muitos critérios, similares aos antes
mencionados por Freud como perda de peso por recusa à alimentação; insônia; sentimento
de inutilidade; sentimento de culpa excessiva, sendo esta última diferencial
importante com relação à melancolia e luto patológico.
A correlação da
melancolia com a mania é explicitada pela grande ocorrência de casos de
Transtorno Bipolar, corroborando em muito também algumas das afirmações de
Freud.
CONCLUSÃO - De
acordo com o estudo realizado, pude aprender que o luto pode demorar até 2 anos
para ser superado, já a melancolia, que hoje chamamos de depressão, pode se
tornar crônica caso não seja superada pelo individuo, e aí, necessitar de ajuda
profissional.
BIBLIOGRAFIA
COMBINATO, Denise
Stefanoni; QUEIROZ, Marcos de Souza. - Morte: uma visão psicossocial. - Estud. psicol. (Natal), Natal, v.
11, n. 2, Aug. 2006 .
DEL PORTO, José
Alberto. - Conceito e
diagnóstico. - Revista
Brasileira de Psiquiatria, São Paulo, 1999.
FREUD, Sigmund. (1917
[1915]). - Luto e Melancolia.
FREUD, Sigmund. - Obras
Completas. v. 14. Rio de Janeiro: imago Editora, 1969.
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