quarta-feira, 28 de dezembro de 2016

Luto e Melancolia

Trabalho sobre Luto e Melancolia, nota entregue, me ajudou muito, aprendi muito, linguagem simples, tudo direitinho então bora publicar:

O presente trabalho tem por objetivo comunicar algumas considerações sobre o Luto e a Melancolia. Freud teve como base a mitologia grega do Édipo Rei, nesse cenário, Édipo sem saber que Jocasta era sua mãe se casa com ela e assassina o próprio pai, inconsciente do grau de parentesco familiar. Quando Édipo descobre a verdade, cega a si mesmo e sua mãe se suicida.
Freud busca nesse texto fazer considerações a respeito da natureza da melancolia comparando-a com o afeto normal do luto e limitando-se a discutir apenas suas manifestações de origem psicogênica, a correlação colocada por Freud entre luto e melancolia justifica-se pela semelhança no quadro geral dessas duas manifestações.
O luto caracteriza-se pela reação normal relativa à perda de um ente querido.
A melancolia, hoje nomeada como depressão, é um diagnóstico de grande incidência na população mundial. Tenta-se a seguir fazer breve apanhado desse escrito de Freud relacionando-o com outros estudos na área.

1 - Luto

É notório que a consciência da finitude é um fato perturbador para o ser humano, mas é parte de sua condição humana, ou seja, não tem como fugir. A perda de um ente querido gera dor profunda porque dói na alma do ser. No luto, a perda de um ente querido faz com que sintamos um “vazio” temporário em nossos afetos. Ao longo do tempo, recuperamos a capacidade de redirecionar nossos afetos já no estado melancólico, a experiência da perda tem a mesma dimensão, mas não se sabe o que se “perdeu” e nem o porquê, ou seja, o processo de perda é inconsciente.
Freud mostra os efeitos da perda de um objeto sobre o Ego. Não ficamos de luto somente quando morre alguém importante para nós, ficamos de luto quando perdemos ou nos separamos de algo que nos é significativo, (pessoas, animais, objetos, situações, sonhos, emprego, etc.) que nos são caros, de alto valor sentimental. Freud diferencia o luto da melancolia ressaltando o aspecto natural e compreensivo do primeiro e a inconformidade do segundo onde o sujeito sofre a perda, mas não sabe exatamente o motivo (o objeto talvez não tenha morrido, mas tenha sido perdido enquanto objeto de amor). Além dos sintomas presentes no luto que são traços de desanimo profundo; perda de interesse pelo mundo externo; perda da capacidade de amar e inibição de atividades.
Se no luto o mundo torna-se vazio e insignificante, na melancolia o próprio Eu torna-se insignificante. Quando esta insignificância atinge o doente com um poder de autocrítica que o faz descrever a si mesmo como “mesquinho, egoísta, pouco sincero, sem autonomia, que sempre se empenhou em esconder as fraquezas de seu ser, ele pode, ao que sabemos estar bastante próximo do autoconhecimento [...]”.(Freud, p. 106).
Para Freud o desinteresse pelo mundo externo em ambos os casos é causado pelo fato de que o indivíduo não invoca mais o objeto perdido, pela perda da capacidade de adotar um novo objeto de amor para substituir o que foi perdido e pelo afastamento de atividades que não estejam ligadas a pensamentos sobre esse objeto.
O luto não implica condição patológica desde que seja superado após certo período de tempo. A característica de maior peso na diferenciação dos dois estados é a presença de baixa auto-estima e auto-recriminação sentimentos muito comuns na Melancolia e inexistentes no luto normal.
No luto profundo existe a perda de interesse pelo mundo externo a não ser que se trate de circunstâncias ligadas ao objeto perdido. Existe a dificuldade de adotar um novo objeto de amor. A inexistência do objeto exige grande esforço para redirecionamento da libido. A oposição a esse redirecionamento da libido pode acontecer de maneira tão intensa que dá lugar a um desvio de realidade (psicose alucinatória), entretanto, essa manifestação não ocorre no luto normal.
Com relação ao luto normal é importante salientar que a perda do ente querido não constitui presença de auto-recriminação, mas, em pessoas nas quais existe pré-disposição para neurose obsessiva pode haver a culpa pela perda. O sujeito pode ter a sensação que pode ter ajudado no processo de perda, pode vir a achar que a desejou.
A superação do luto é realizada pouco a pouco e com grande gasto de energia. O desligamento do objeto perdido se dá através da evocação e hipercatexização de cada lembrança relativa ao objeto. Quando o trabalho de luto se conclui o ego fica bem outra vez.
Em meados da década de 1960, a psiquiatra Kübler-Ross, estuda a partir de sua experiência profissional com pacientes terminais as fases pelas quais passaria o luto. A obra Sobre a morte e o morrer, publicada em 1969, analisa os estágios pelos quais passam as pessoas no processo de terminalidade: negação e isolamento, raiva, barganha, depressão e aceitação (COMBINATO e QUEIROZ, 2006)
As reações de luto, que se estabelecem em resposta à perda de pessoas queridas, caracterizam-se pelo sentimento de profunda tristeza, exacerbação da atividade simpática e inquietude. As reações de luto normal podem estender-se até por um ou dois anos, devendo ser diferenciadas dos quadros depressivos propriamente ditos. No luto normal a pessoa usualmente preserva certos interesses e reage positivamente ao ambiente, quando devidamente estimulada. Não se observa, no luto, a inibição psicomotora característica dos estados melancólicos. Os sentimentos de culpa, no luto, limitam-se a não ter feito todo o possível para auxiliar a pessoa que morreu; outras idéias de culpa estão geralmente ausentes (DEL PORTO, 1999)

2 – Melancolia
A melancolia também pode vir a ser reação de perda do objeto amado, objeto este que não precisa ter necessariamente morrido e sim ter sido perdido enquanto objeto de amor. Em alguns casos pode-se constatar a perda, entretanto, não se sabe exatamente o que se perdeu (sabe-se, por exemplo, quem se perdeu, mas não se sabe o que se perdeu nessa pessoa). No melancólico não se pode ver exatamente qual o conteúdo da perda.
Na melancolia os sintomas são os mesmo do luto, porém acrescido da perturbação na auto-estima e de um empobrecimento do Ego, que no luto se encontra ausente. Ainda, na melancolia, a perda do objeto se mostra mais grave e muito mais ameaçadora para o Eu. Assim, a diferença entre ambas é marcada pelo fato de que, no caso da melancolia, a dependência do homem em relação ao objeto perdido se dá de forma incompreensível tornando-se patológica. Embora o luto também seja muitas vezes incompreendido pelo enlutado, se constitui condição normal não necessitando de tratamento psicológico na medida em que é superado ou elaborado num período de tempo determinado, enquanto na melancolia o tratamento se faz necessário. Por ser o luto circunstância superável, ao longo do tempo, Freud julgava ser inútil ou até mesmo prejudicial qualquer interferência em relação a ele.
A melancolia tem natureza patológica e fraciona-se em diversas formas clínicas, inclusive no que se refere à mania, que seria seu polo oposto, de onde a bipolaridade, isto é, a oscilação entre a depressão e a euforia. Em resumo, enquanto, no luto a perda é consciente; na melancolia, a perda se processa no inconsciente.
Portanto, o luto profundo e a melancolia têm em comum a dor, entretanto, deveríamos ressaltar que, se para o enlutado a dor passa, ao contrário do luto, na melancolia a dor torna-se crônica.
É comum, também, na melancolia o aparecimento de sintomas físicos pela identificação com o sofrimento do objeto perdido. Por esse mesmo motivo e pelo sentimento de ambivalência entre amor e ódio do objeto perdido o melancólico pode ser levado ao suicídio. Daí a importância do tratamento psicológico e medicamentoso
Diferentemente do processo de luto, apresenta o ego como desprovido de valor, incapaz de qualquer realização. A baixa auto-estima pode estar associada à insônia e a recusa em se alimentar. A gênese da melancolia, segundo Freud, estaria numa ligação objetal que mostrou ser uma catexia de pouco poder de resistência sendo logo liquidada.
A libido nesse caso, sem ter direcionamento, desloca-se para o ego estabelecendo uma espécie de identificação deste com o ente perdido. A perda objetal passa a ser uma perda do próprio ego.
Nos casos de catexia de pouca resistência constata-se que a escolha amorosa é feita sob uma base narcísica, dessa forma, a libido ao deparar-se com obstáculos pode retroceder ao narcisismo. Conclui-se, portanto, que mesmo em conflito com a pessoa amada não é preciso renunciar à relação amorosa.
O amor pelo objeto não pode ser renunciado, mesmo que o próprio objeto o seja. Sendo assim, o afeto volta-se contra o ego como substitutivo fazendo-o sofrer e tirando satisfação sádica de seu sofrimento. Esse aspecto solucionaria o enigma do suicídio. Isso só ocorreria, no entanto, quando o ego trata a si mesmo como objeto de forma a encaminhar-lhe toda a hostilidade originalmente pertencente ao mundo exterior.
A melancolia tem uma tendência a se transformar em mania. O conteúdo relatado pelos pacientes com mania na prática clínica, segundo FREUD (1917), em nada difere do conteúdo da melancolia, como se ambos lutassem contra o mesmo complexo. Na melancolia o ego sucumbiria ao mesmo e na mania já o teria superado resultando disso um estado de alegria por alívio, de economia de energia. Nesse último caso a libido fora liberada para novas catexias objetais.
Nos critérios atuais colocados pelo DSM-IV conta ainda com muitos critérios, similares aos antes mencionados por Freud como perda de peso por recusa à alimentação; insônia; sentimento de inutilidade; sentimento de culpa excessiva, sendo esta última diferencial importante com relação à melancolia e luto patológico.
A correlação da melancolia com a mania é explicitada pela grande ocorrência de casos de Transtorno Bipolar, corroborando em muito também algumas das afirmações de Freud.

CONCLUSÃO - De acordo com o estudo realizado, pude aprender que o luto pode demorar até 2 anos para ser superado, já a melancolia, que hoje chamamos de depressão, pode se tornar crônica caso não seja superada pelo individuo, e aí, necessitar de ajuda profissional.

BIBLIOGRAFIA
COMBINATO, Denise Stefanoni; QUEIROZ, Marcos de Souza. - Morte: uma visão psicossocial. - Estud. psicol. (Natal),  Natal,  v. 11,  n. 2, Aug.  2006 .  
DEL PORTO, José Alberto. ­ - Conceito e diagnóstico.  - Revista Brasileira de Psiquiatria,  São Paulo, 1999.
FREUD, Sigmund. (1917 [1915]). - Luto e Melancolia. 
FREUD, Sigmund. - Obras Completas. v. 14. Rio de Janeiro: imago Editora, 1969.


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