segunda-feira, 31 de julho de 2017

Mecanismo de Defesa e Livre Associação

Um explicação breve sobre Mecanismo de Defesa e a Livre Associação

Livre Associação é um método terapêutico por excelência da psicanalise, que Freud o desenvolveu em substituição ao hipnotismo no tratamento das neuroses.
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Mecanismo de defesa é o que usamos para nos proteger do sofrimento, inconscientemente, pois nem sempre estamos preparados para lidar com algumas questões da nossa vida.

1 – Mecanismo de Defesa
São processos inconscientes que permitem a mente encontrar uma solução para conflitos não resolvidos ao nível da consciência. A psicanálise supõe a existência de forças mentais que se opõem umas às outras e que batalham entre si. Freud utilizou a expressão pela primeira vez no seu "As neuropsicoses de defesa", de 1894.
O Mecanismo de defesa é usado para proteção do sofrimento, porém para amadurecer e crescer, chega um momento em que a pessoa precisa deixar de usar seus mecanismos para poder enfrentar seus conflitos. Como isto ocorre inconscientemente, ou seja, a pessoa nem percebe que usa, o primeiro passo é identificar quais os mecanismos que ela esta usando para se proteger e não encarar o conflito.
Os mecanismos de defesa mais importante são:
1.     Negação – é quando o sujeito se recusa a ver sua participação em um problema que acontece com ele ou se recusa a reconhecer que um evento ocorreu. É comum, diante de situações de enfrentamento. Na sua forma completa, a negação é totalmente inconsciente, e o indivíduo pode ficar tão perplexo com o comportamento das pessoas ao seu redor como essas pessoas estão pelo comportamento dele. Esse mecanismo de defesa também pode ter um elemento consciente significativo, onde a pessoa simplesmente “faz vista grossa” para uma situação desconfortável.
Exemplo:
- Alcoólatras que negam vigorosamente que eles têm um problema.
- Um homem ouve que sua esposa foi morta, e ainda se recusa a acreditar, ainda arruma a mesa para ela e mantem suas roupas e outros acessórios no quarto.

2.     Repressão - é afastar ou recalcar da consciência um afeto, uma ideia ou apelo do instinto. Um acontecimento que por algum motivo envergonha uma pessoa pode ser completamente esquecido e se tornar não evocável.
Exemplo:
- Uma criança que é abusada por um dos pais e, mais tarde, não tem lembrança dos acontecimentos, mas tem problemas para formar relacionamentos.

3.     Defesa de reação (formação reativa) - que consiste em ostentar um procedimento e externar sentimentos ambos opostos aos impulsos verdadeiros, quando estes são inconfessáveis.
Exemplo:
- Um pai que é pouco amado, recebe do filho uma atenção por vezes exagerada para que este convença a si mesmo de que é um bom filho.
- A pessoa é muito tímida, e ao ir numa festa, se torna a pessoa mais extrovertida possível.

4.     Projeção – é o mecanismo que atribui ao outro um desejo próprio, ou atribuir a alguém, algo que justifique a própria ação.
Exemplo:
- O estudante cria o hábito de colar nas provas dizendo, para se justificar, que os outros colam ainda mais que ele.

5.     Regressão - é o retorno as atitudes passadas que provaram ser seguras e gratificantes, e às quais a pessoa busca voltar para fugir de um presente angustiante. Devaneios e memórias que se tornam recorrentes, repetitivas. Aplica-se também ao regresso a fases anteriores da sexualidade.
Exemplo:
- mulher que volta a brincar de boneca após passar por um conflito

6.     Substituição - O inconsciente, em suas duas formas, está impedido de manifestar-se diretamente à consciência, mas consegue fazê-lo indiretamente. A maneira mais eficaz para essa manifestação é a substituição, isto é, o inconsciente oferece à consciência um substituto aceitável por ela e por meio do qual ela pode satisfazer o Id ou o Superego. Os substitutos são imagens (representações analógicas dos objetos do desejo) e formam o imaginário psíquico que, ao ocultar e dissimular o verdadeiro desejo, o satisfaz indiretamente por meio de objetos substitutos.
Exemplo:
- a chupeta e o dedo, para a substituição do seio materno.
Além dos substitutos reais, o imaginário inconsciente também oferece outros substitutos, os mais frequentes sendo os sonhos, os lapsos e os atos falhos. Neles, realizamos desejos inconscientes, de natureza sexual. São a satisfação imaginária do desejo. 
Exemplo:
- Alguém sonha que sobe uma escada, está num naufrágio ou num incêndio. Na realidade, sonhou com uma relação sexual proibida.

7.     Sublimação - É um dos mecanismos que mais consegue seu intuito de proteger o sujeito de dor. Porque, diante de uma impossibilidade esse mecanismo cria outras formas de satisfação possíveis. A Ética pede a renúncia às gratificações puramente instintuais por outras em conformidade com valores racionais transcendentes. A sublimação constitui a adoção de um comportamento ou de um interesse que possa enobrecer comportamentos que são instintivos de raiz  Um homem pode encontrar uma válvula para seus impulsos agressivos tornando-se um lutador campeão, um jogador de futebol ou até mesmo um cirurgião.

Para Freud as obras de arte, as ciências, a religião, a Filosofia, as técnicas e as invenções, as instituições sociais e as ações políticas, a literatura e as obras teatrais são sublimações, ou modos de substituição do desejo sexual de seus autores e esta é a razão de existirem os artistas, os místicos, os pensadores, os escritores, cientistas, os líderes políticos, etc.
Exemplo:
- Se a pessoa quer ser famosa, mas percebe que isso é uma realidade muito distante, ela escolhe uma profissão e estuda para ser reconhecida em sua área. Geralmente para sublimar o sujeito utiliza, em conjunto o deslocamento.

8.     Transferência - Freud afirmou que a ligação emocional que o paciente desenvolvia em relação ao analista representava a transferência do relacionamento que aquele havia tido com seus pais e que inconscientemente projetava no terapeuta.
O impasse que existiu nessa relação infantil criava impasses na terapia, de modo que a solução da transferência era o ponto chave para o sucesso do método terapêutico. Embora Freud demorasse a considerar a questão inversa, a da atratividade do paciente sobre o terapeuta, esse problema se manifestou tão cedo quanto ainda ao tempo das experiências de Breuer, que teria se deixado afetar sentimentalmente por sua principal paciente, Bertha Pappenheim.

9.     Deslocamento - consiste em transferir as características ou atributos de um determinado objeto para outro objeto
Exemplo:
- receber uma bronca do chefe e, assim que chegar em casa, chutar o cachorro como se ele fosse o responsável pela frustração.
Os mecanismos de defesa são aprendidos na família ou no meio social externo a que a criança e o adolescente estão expostos. Quando esses mecanismos conseguem controlar as tensões, nenhum sintoma se desenvolve, apesar de que o efeito possa ser limitador das potencialidades do Ego, e empobrecedor da vida instintual. Mas se falham em eliminar as tensões e se o material reprimido retorna à consciência, o Ego é forçado a multiplicar e intensificar seu esforço defensivo e exagerar o seu uso. É nestes casos que a loucura, os sintomas neuróticos, são formados.
Para a psicanálise, as psicoses significam uma severa falência do sistema defensivo, caracterizada também por uma preponderância de mecanismos primitivos. A diferença entre o estado neurótico e o psicótico seria, portanto, quantitativa, e não qualitativa. 

10.  Perversão - Porém, assim como a loucura é a impossibilidade do Ego para realizar sua dupla função (conciliação entre Id e Superego, e entre estes e a realidade), também a sublimação pode não ser alcançada e, em seu lugar, surgir uma perversão ou loucura social ou coletiva.
O nazismo é um exemplo de perversão, em vez de sublimação. A propaganda, que induz no leitor ou espectador desejos sexuais pela multiplicação das imagens de prazer, é outro exemplo de perversão ou de incapacidade para a sublimação.

11.  Racionalização - o sujeito tenta utilizar a inteligência pra justificar suas ações e ou seus sentimentos ou possíveis decisões que possa ter tomado. É um processo pelo qual o sujeito procura apresentar uma explicação coerente do ponto de vista lógico, ou aceitável do ponto de vista moral, para uma atitude, uma ação, uma ideia, um sentimento, etc., cujos motivos verdadeiros não percebe.
Exemplo:
- Eu checo se fechei a porta de casa três vezes antes de sair, e às vezes ainda volto quando já estava na metade do caminho, mas faço isso porque preciso deixar minha casa em segurança. (A desculpa da segurança pra maquiar o vicio obsessivo de checar incontroladamente seus próprios atos, como um ritual).
  
2 – Livre Associação
A Livre Associação é o método terapêutico da psicanalise que Freud inventou em substituição ao hipnotismo no tratamento das neuroses. Começou a utilizá-la no tratamento de Elizabeth Von R. que solicitou que Freud a deixasse associar livremente, sem pressão pela busca de uma memoria ou lembrança especifica.
Freud diz que a Livre Associação e os sonhos formam o que ele chama de via regia para o inconsciente.
Com o método da Livre Associação o paciente é orientado a dizer o que lhe vier à cabeça, deixando de dar qualquer orientação consciente de seus pensamentos, é necessário que ele se obrigue a informar literalmente tudo o que ocorrer à sua auto percepção, não dando margem a objeções criticas que procurem por certas associações de lado, com base no fundamento de que sejam irrelevantes ou inteiramente destituídas de sentido.
Freud em seu Estudo Autobiográfico (1925) lembra-nos que devemos ter em mente que esta associação não é realmente livre, pois o paciente continua sob a influencia da situação analítica, muito embora não esteja dirigindo suas atividades mentais para um assunto especifico, nada lhe ocorrerá que não tenha alguma referencia com essa situação.
O paciente através da Livre Associação, tem a sua resistência contra a reprodução do material reprimido que será revelada por objeções criticas, e foi para lidar com tais objeções, que a regra fundamental da psicanalise foi inventada. Mas se o paciente observar essa regra e assim superar suas reservas, a resistência encontrará outro meio de expressão. Tal regra a disporá de tal forma que o próprio material reprimido jamais ocorrerá ao paciente mas somente algo que se aproxima dele de maneira alusiva; e quanto maior a resistência, mais remota da ideia real, da qual o analista se acha à procura.
            O analista, que escuta serenamente, mas sem qualquer esforço constrangido, à torrente de associações e que, pela sua experiência, possui uma ideia geral do que esperar, pode fazer uso do material trazido à luz pelo paciente de acordo com duas possibilidades. Se a resistência for leve, ele será capaz, pelas alusões do paciente, de inferir o próprio material inconsciente; se a resistência for mais forte, ele será capaz de reconhecer seu caráter a partir das associações, quando parecerem tornar-se mais remotas do tópico em mão, e o explicará ao paciente.
            A descoberta da resistência, contudo, constitui o primeiro passo no sentido de superá-la.
            A associação livre oferece várias vantagens:
- expõe o paciente a menos dose possível de compulsão, jamais permitindo que se perca contato com a situação real;
- garante em grande medida que nenhum fator da estrutura da neurose seja desprezado e que nada seja introduzido nela pelas expectativas do analista.
            Em completo contraste com o hipnotismo e com o método da incitação, o material inter-relacionado aparece em tempos e pontos diferentes no tratamento, e teoricamente, sempre ser possível ter uma associação, contanto que não se estabeleçam quaisquer condições quanto ao seu caráter.
            Com a ajuda da livre associação e da arte correlata de interpretação, tornou-se possível provar que os sonhos tem um significado, q que é possível descobri-lo. Os sonhos podem ser vistos como algo absurdo e confuso, porém é um principio psíquico válido, e o sonho não passa de uma tradução distorcida, abreviada, mal compreendida e na sua maior parte uma tradução de imagens.
 “A associação livre é uma maneira de fazer surgir o desejo nas representações. Essa operação é uma tarefa do analisante. A associação livre foi o dispositivo descoberto por Freud que consiste no desenrolar das cadeias significantes do sujeito, sustentado pelo amor de saber dirigido ao analista: a transferência. Desenrolar este que permite desatar os nós do recalque do sintoma, cabendo, por sua vez, ao analista a direção da análise apontada para a construção da fantasia fundamental no intuito de fazer o sujeito atravessá-la, ou seja, ir para além desta. Se a fantasia é uma resposta do sujeito ao enigma do sexo que representa o desejo do Outro, atravessá-la é experimentar o estado de desolação absoluta ou de desamparo - Hilflosigkeit, ou seja, a mais completa solidão e a inexistência do Outro – S(A).” (Jorge A. Pimenta Filho Carta Acf)
A associação livre como regra fundamental da psicanálise, constitui um convite a que o sujeito da experiência tome distância da coerência, como condição de poder bem dizer da verdade do sintoma que o invade. Assim a psicanálise valoriza mais o incoerente que o coerente do sintoma e o consultório do analista é o lugar de se desfazer desses laços da coerência do sintoma para na linha de um novo laço – transferencial, o sujeito, enlaçado não ao analista, mas a esse lugar do desenlaçamento, buscar dar conta de seu sintoma e elabora-lo. (Jorge A. Pimenta Filho Carta Acf)

3 – O Analista

O analista deve apenas escutar e interferir apenas para quebrar as resistências do paciente de acordo com suas possibilidades, é o paciente que determina o curso da análise e o analista interferi apenas para ajudar o paciente atravessar qualquer tipo de restrição.
Na analise, espera-se que o sujeito conheça os significados primordiais que o determinaram em sua historia e em sua vida a partir do decifrar do inconsciente, para que deles se desalienar escapando de seu poder de comando (QUINET, 2008).
 O analista faz com que, através da associação livre, o inconsciente se presentifique e possa ser decifrado pelo próprio sujeito. Quem faz a interpretação dos seus próprios sonhos é o sonhador, quem interpreta é, portanto, o próprio sujeito, ao deixar-se vagar por suas associações (QUINET, 2008).
O papel do analista diante do paciente não é um papel neutro, de um ouvinte passivo. O analista é um ponto de convergência do inconsciente, ou melhor, é uma porta aberta para o inconsciente paciente passar. O analista faz com que o inconsciente se presentifique e possa ser decifrado pelo próprio paciente. (QUINET, 2008) salienta que um paciente em análise lhe dizia:
Eu sei que você não tem aí nenhuma função, a única coisa que você faz é me fazer falar; aí eu pensei cá comigo, que podia continuar sozinho. Até que entendi que a sua função é essencial, pois é nos momentos em que estou em casa pensando na análise, ou vindo para cá, ou aqui na análise, que começo a pensar as minhas coisas (QUINET, 2008)
Não apenas o analista, mas o próprio consultório é um campo que faz o inconsciente existir, ou seja, se aparecer naquele momento com grande intensidade. (QUINET, 2008) diz também, que o inconsciente se presentifica na poltrona do analista, o inconsciente vai se situar nesse lugar.
  
CONCLUSÃO - Entendi que todos temos mecanismos de defesa que inconscientemente usamos para nos proteger daquilo que fere ou traumatiza. Estes identificados pelo analista, através da livre associação, onde o paciente expõe suas ideias sem pressão ou incitação, podem ser tratadas para que o conflito do paciente venha á tona e seja tratado.

BIBLIOGRAFIA

- Freud, Sigmund – Edição Standard Brasileira das obras psicológicas completas – Volume III - As Neuropsicoses de defesa, 1984 - Rio de Janeiro: Imago.

- Freud, Sigmund – Edição Standard Brasileira das obras psicológicas completas – Volume XX – Um Estudo Autobiográfico, Inibições, Sintomas, Ansiedade, Análies Leiga e Outros trabalhos – 1925/1926 - Rio de Janeiro: Imago.

- QUINET, Antônio - A descoberta do inconsciente - Rio de Janeiro: Zahar, 2008.


Espero que abençoe a sua vida......             

Bjksss............... Graça e Paz!!!

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