quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Minha História - PARTE 4


-->
O DIA 13 DE JULHO DE 1991 – UMA VIRADA DA VIDA
Entramos no hospital e logo ela foi atendida, eu comecei a procurar pelo meu irmão e minha tia pediu que eu avisasse ao meu pai da internação. Uma correria e um médico chegou perto de mim, muito calmo e me perguntou por que nós não havíamos avisado que ela tinha feito mastectomia, eu pedi desculpas e disse que não me lembrei de falar, pois já havia me acostumado e estava muito nervosa, ele se afastou e minutos depois voltou dizendo que precisávamos de um CTI para ela. Eu e o senhor que trabalhava na portaria e uma enfermeira começamos a ligar para os outros hospitais próximos e não havia vaga, só no Hospital Santa Tereza que abriria uma vaga, talvez na segunda-feira, então os médicos falaram que iam fazer uma unidade para ajudá-la. Saí do telefone e uma médica no corredor me disse que mesmo com um CTI, só um milagre a salvaria, depois talvez pela minha reação, ela perguntou o que eu era dela, quando respondi “filha”, ela se desculpou e disse que era melhor eu saber a verdade, pedi permissão para ir até o quarto e fui, quando cheguei a vi muito ofegante e perguntei:
“Mãe, você está com dor?
“Não minha filha, eu estou cansada, muito cansada. Cuida do teu irmão para mim”
O medico me chamou e eu falei: “Amo você e já volto”, a médica disse que fez uma UTI para atendê-la e a transferiria para este quarto, mas eu só poderia acompanhá-la pelo corredor, no quarto só ficariam médicos e enfermeiros. Feito, às 20H ela estava atravessando o corredor em direção ao quarto, eu fui colada na maca com a mão esquerda no pé dela, de repente ela deu um salto e ficou com os olhos abertos e fixos, pensei, ela se foi!
Os médicos aceleraram e fechou à porta do quarto, ás 20h40min ele veio ao meu encontro e disse que haviam tentado tudo, mas não obtiveram sucesso no final, eu contei 8 profissionais dentro daquele quarto.
Deus colheu a minha mãe no dia 13 de julho de 1991 ás 20H!
Acredito que tenha sido salva, pois ela me dizia que quando melhorasse e voltasse a andar que iria comigo para a Igreja, ela pode não ter se batizado, mas creio na sinceridade daquele coração!
Saí da sala e pedi que o médico conversasse com minha tia, chamei à funerária, a colocamos no carro, no caminho parei em casa para pegar roupa pra ela e avisar aos vizinhos e a minha avó da morte da minha mãe. Quando cheguei em casa de taxi, vi minha avó e alguns vizinhos no meu portão, saí do carro e logo falei: minha mãe morreu!
Peguei as roupas e fui para o centro da cidade, eu e minha tia traçamos a roupa dela e fui para o telefone avisar aos seus irmão de Além Paraíba – MG, o que havia acontecido. Liguei para todos que lembrei e quando ela estava pronta fomos para o local do velório, quando estacionamos o carro vi meu pai desesperado na porta, chorando muito, ele me abraçou e disse: “Minha filha, matei tua mãe” eu lhe respondi, “Agora é tarde”. Deixamos a sala do velório pronta e fui com ele para casa para esperar meu irmão chegar da festa, dito e feito, 30 minutos após a nossa chegada o Marcio chegou, estávamos na cozinha e ele perguntou por ela, foi meu pai quem respondeu, meu primo e vizinho que havia perdido a mãe há um mês o tirou de dentro de casa e ficou com ele até ao meio dia do dia 14 de julho!
O ENTERRO – 14 de julho de 1991
Pela manhã saí para resolver à sepultura, abri toda a documentação no meu nome por que estava sozinha e fui para o velório, o enterro seria às 16H.
Por volta das 14H, algumas vidas da igreja começaram a chegar, tive frieza de resolver tudo, arrumá-la, receber os parentes de fora da cidade o povo da igreja, mas às 15H quando consegui sentar e pensar, chorei. Chovia e fazia muito frio, a Wilma sentou ao meu lado e o Pastor Demerval veio com a esposa tirou o casaco que ele estava usando e o vestiu em mim.
Às 15h45min ele iniciou um culto, com louvores e uma palavra, quando terminou minha tia que era muito católica se juntou a vizinhança e iniciaram uma Ave Maria. Imagina a situação mas eu não pensava só reagia.
Às 16H o corpo saiu em direção ao túmulo que horas antes e tinha visto abrir, era da família e estava cheio de baratas, minha tia que ela tanto amava havia sido enterrada ali há exatos 30 dias e agora ia a minha mãe.
Perdi minha mãe com 20 anos, ela sempre dizia que queria morrer depois que os filhos estivessem criados e com um bom emprego, assim foi. Ela dizia que não queria sofrer e nem dar trabalho a ninguém, não sou médica mas vi minha mãe parar, sem dor, só num suspiro e em silêncio. Choque cardiogênico, infarto agudo do miocárdio e isquemia coronariana
Minha mãe: Maria Ivete Gomes Pizzi - 12/03/1939 até 13/07/1991, aos 52 anos.
Sinto saudade do companheirismo, das conversas, do cheiro, das gargalhadas, das afinidades e etc...
Moída, cansada e sofrida mas fui ao culto mesmo assim, cochilei na Palavra um pouco mas eu queria oração, queria gente, precisava de força, encarar a minha casa grande e vazia de tudo não foi fácil para alguém de 20 anos que havia perdido sua cúmplice, até a roupa para eu trabalhar era ela quem escolhia, eu acordava e falava: “Chumbinha, que roupa eu vou?”, quando voltava do banho ela já havia separado sempre com muito bom gosto e era assim todos os dias e acabou do nada. Pra quem daria mesada? Com quem conversaria? Eu não me lembro de ter tido muitas discussões com minha mãe, na realidade não me recordo de nenhuma, apesar da educação rígida, nos entendíamos muito bem. Saíamos juntas para tudo. Aproveitei cada segundo ao lado dela tenho boas lembranças, más lembranças e nenhum remorso.
No dia seguinte, segunda-feira, fui trabalhar para tentar distrair a minha cabeça, mas não consegui ficar até o final, me sentia muito cansada e a batalha só estava começando. Estava agora no meio de uma guerra diferente: de um lado meu pai do outro meu irmão e minha tia. No meio para não perder o costume: EU!
Entendi o porque do choro na véspera, Deus estava me preparando e ela também. Hoje digo: Deus me deu, Deus tomou, Bendito seja o nome do Senhor!!
UM SERVO NO CAMINHO E A CURA DA FOTOFOBIA!
Os dias se passaram e acostumei ou venci a dor da perda, não sei.
Meu pai voltou para casa e ficou com meu quarto e eu com o que era da minha mãe.
Em agosto comecei a fazer aulas de batismo e numa noite eu sonhei que me casava vestida como uma dama antiga e o noivo, eu via o rosto dele mas nunca o havia visto, achei esquisito e contei para a Wilma, que disse para eu ficar atenta com o que Deus iria fazer.
Eu tinha um problema nos olhos chamado, fotofobia, eu sentia muita dor por causa de luz, poeira e etc..., por muitas vezes em dias de crise minha mãe me amarrava na cama para eu dormir pois se eu me mexia acordava com muita dor. A crise me fazia muitas vezes perder a visão por minutos, era estranho, e por causa disso eu vivia de óculos fotocromático e com um colírio carérrimo na bolsa. Na última quinta-feira de agosto, era dia de aula, mas eu cheguei na Igreja com muita dor e decidida a ser curada e falei com Deus, que não iria para a aula mas ficaria no culto pois seria curada aquele dia. O culto acabou e a dor também.
No dia seguinte saí para trabalhar, quando fui para casa almoçar, a mulher que trabalhava lá disse que havia ficado muito nervosa, mas como não sabia onde era o escritório não podia fazer nada, perguntei o por que de tanta aflição dela e de minha avó e a resposta foi engraçada, saiu num só grito: “você esqueceu o óculos e o colírio!” Foi a vez de eu gritar: “Estou curada!”
A minha fé me curou! Pela primeira vez em 8 anos saí sem óculos e não percebi e nem senti falta. Deus me curou! Louvado seja o Senhor!
No domingo seguinte cheguei para o culto, feliz com a cura, e quando olhei para o altar, havia um jovem abrindo o culto, levei o maior susto e perguntei a Wilma: “Quem é?”, ela me olhou séria e respondeu: “Toma jeito Maroca, você está dentro da Igreja”. Vou explicar o por que da pergunta: era o noivo do sonho, demorei quase uma semana para falar isso para a Wilma.
No dia 21 de setembro de 1991, começamos a namorar.
O nome de jovem: Adilson Luiz da Silva, meu marido, meu Pastor, pai do meu filho e meu pai espiritual!
O BATISMO
Meu batismo aconteceu em 27 de outubro de 1991, no Maanaim de Pedro do Rio, fui batizada pelo Pastor Demerval, olha só:


-->
Deixa eu contar um detalhe agora: por baixo da veste eu estava com uma saia jeans grossa até o tornozelo e meia calça, só eu mesmo, né?
Quando terminou e precisei sair do tanque, o varão que estava na borda teve que fazer a maior força pois a saia pesava tanto que foi uma loucura, misericórdia, enfim, essa sou eu viu gente!
O ano terminou e eu tinha muita experiência para contar e estava só no começo da minha caminhada com Jesus!
O NOIVADO
Taí do álbum de família para vocês e claro, o noivado foi abençoado pelo Pastor Demerval!

-->
Aí estão, dois jovens cheios de planos: espirituais, familiares e profissionais, porém, o que Deus tinha para nós era muito maior do que nossos sonhos neste dia.
O noivado aconteceu durante um culto normal, o culto se processava e num determinado momento o pastor nos chamou para orar, trocar alianças e comunicar a igreja do noivado, o Grupo de Louvor cantou um belo hino ao Senhor, Grupo o qual mais tarde eu fiz parte. Meu pai chegou no final, só viu as alianças pois tinha ido ao cinema com a “namorada menina” que agora já tinha 22 anos.
Após o término, recebemos os cumprimentos e jantamos com a família do Adilson em uma churrascaria, meu pai, sim, não foi, tinha compromisso!

Continua...


Nenhum comentário:

Postar um comentário